Onde está o Lucro?
Visivelmente incrédulo, próspero empresário e dileto cliente, aproximou-se e foi logo desferindo a pergunta que, se respondida alicerçada em sólidos e convincentes argumentos, o que em sua mente julgava inexistentes, poria fim à dúvida que, movido pela reunião agendada, o trouxera até nossa presença: - Recebi o balancete contábil do último trimestre, que você me enviou. Em análise prévia constatei que a título de "lucros" aparece um valor que considero bastante elevado. Não acho que tenha obtido todo esse resultado em minha empresa, mesmo porque, se realmente o lucro é esse, onde está todo esse dinheiro? Freqüentemente somos questionados a explicar números que a contabilidade apresenta mas que, na forma de ver do empresário não condizem com o que acontece na empresa. É comum também o gestor empresarial lamentar pelo fato de estar operando com prejuízo em seus negócios, respaldando seus motivos na falta de dinheiro ou por estar operando com saldo negativo em bancos, e para sua surpresa, o Balanço Patrimonial demonstra polpuda lucratividade. Situação inversa, porém rotineira também, é quando o administrador mesmo sendo portador de altos saldos bancários, ou uma bela carteira de valores a receber, depara-se com um prejuízo contábil de proporções que seu raciocínio não consegue decifrar. Calma. Através da ciência contábil a explicação é possível. O lucro que é apurado nos relatórios contábeis reflete a situação econômica da empresa, que deve ser dissociado da situação financeira da mesma, principalmente pelas ocorrências das mais diversas interferências ou nuances patrimoniais. Lucro é o resultado da Receita Bruta deduzida dos custos e despesas. A técnica contábil promove seus lançamentos utilizando-se do regime de competência, isto é, se faturou é receita, mesmo que não recebida; se comprou ou efetuou uma despesa, já é reconhecida como tal, mesmo que não tenha sido paga. Outro ponto a ser considerado é a natureza do gasto ou valor despendido. Comprar uma grande quantidade de mercadorias pode representar um investimento em estoque e não necessariamente um custo. A compra de um veículo à vista, para integrar o imobilizado da empresa, embora de grande desembolso pecuniário que minou os recursos financeiros, é considerado investimento de capital e nunca uma despesa. A respeitável quantia de numerário que adentrou aos cofres do estabelecimento, resultante de empréstimo bancário ou do aporte de capital pelos sócios, não representa nenhuma receita mas sim compromisso de dívida a ser saldada. Portanto, se você tem lucro mas não sabe onde ele está, é só olhar atentamente para o patrimônio empresarial que é constituído pelo seu imobilizado, investimentos e capital de giro, ou então, quem sabe você pode estar destinando seu lucro para o pagamento de dívidas contraídas no passado. Para isso, analise também a composição e provável redução de suas obrigações. Não hesite, na dúvida consulte seu contador. Você sabe que pode sempre com ele "contar".
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