A (Des) Agradável Arte de Esperar
- Você pode aguardar um tempo, por favor? - Quanto tempo? - Dois meses. - Dois meses??!! Sim, realmente este é o tempo de espera para se conseguir uma mesa no restaurante Per Se, sensação de Nova York. Espera porém muito agradável, pois você já estará saboreando mentalmente as delícias que pretende provar, das especiais iguarias preparadas por Thomas Keller, o mais premiado chef de cozinha dos Estados Unidos. Mistura de alimentos exóticos de várias partes do mundo, salada de vegetais temperada com vinagre de 100 anos ou ostras ao caviar iraniano, tudo regado a um sofisticado vinho. Temos certeza, será uma espera altamente compensadora. A noiva que recebe de seu amado a promessa de um casamento para dentro de 18 meses; a mulher grávida que terá de aguardar os 9 meses para dar à luz o seu desejado rebento; ou os 45 dias que antecedem aquela viagem tão sonhada, são "tempo de espera" que se irá curtir com expectativa, carinho e apreço. Com estes exemplos estamos enfatizando que para determinados atendimentos que temos necessidade ou situações que se nos apresentam, a espera é por nós completamente assimilada, aceita e até compartilhando com aqueles que nos são próximos, a divulgamos com alegria. Situação lamentavelmente inversa porém, é quando se dá a espera com total desrespeito, constrangimento, falta de atenção, não proporcionando conforto mínimo que seja, expondo as pessoas inclusive às intempéries do tempo, tais como as filas em ruas ou logradouros públicos. Bancos, INSS, Prefeitura, Receita Federal e outras instituições públicas, hospitais, ingressos para shows, futebol e outros eventos, salas de espera em consultórios médicos, dentários, cabeleireiros, setores de caixa ou pacotes em lojas, supermercados, farmácias, enfim, uma gama de locais onde impera o tempo perdido. O tempo perdido que me refiro é das pessoas que estão ali paradas, aguardando um atendimento a que tem direito, pois pagaram ou vão pagar pelo que pleiteiam, improdutivas naquele momento, ociosidade transparente, com necessidade de cumprir outros compromissos, e ali, a mercê de uma fila enorme e que caminha a passos lentos, tudo porque o empresário ou o responsável por aquele setor não estuda uma solução que demonstre intenção de evitar o incômodo. Distribua senhas, agende atendimento com hora marcada, faça previsão por períodos, proporcione acomodação adequada, disponibilize jornais e revistas para entretenimento, TV exibindo programa compatível com o perfil dos ali presentes, sirva água, dê informações aos interessados evitando a fila errada, crie condições de ordem para evitar os "furões", coloque avisos de orientação, favoreça os casos de maior necessidade: idosos, grávidas, obesos, pessoas com crianças de colo, deficientes, tome portanto todas as providências plausíveis e possíveis para, se não puder evitar a fila, ao menos que seja curta e rápida. Professores, palestrantes e consultores em geral são unânimes em afirmar que o tempo é a "mercadoria" mais valiosa atualmente, aquela que todo consumidor precisa e valoriza, premiando com sua fidelidade a quem o proporcionar. Portanto, caro empresário, uma de suas mais importante preocupação, se quiser ganhar a confiança de seu cliente, é proporcionar-lhe um atendimento sempre rápido, fazendo-o ganhar tempo, liberando-o para cuidar dos outros papéis importantes que tem pela frente. Reflita comigo. Se todo esse pessoal que está parado em uma fila, que tem a sua produtividade tolhida naquele momento, estivesse no seu habitat laborial, produzindo e conseqüentemente expandindo sua possibilidade de maiores ganhos, certamente o valor obtido financeiramente será retornado ao consumo, que é o destino normal desse acréscimo às suas finanças, ou então canalizado ao investimento, que da mesma forma beneficia o mercado como um todo. A conclusão é óbvia, todos ganham. Fila, grave bem, é desperdício de gente. Evite-a. Se involuntária, cuidado para não torná-la rotina. Se for fazer parte dela, proteja-se. Não fique ocioso. Leve o jornal que precisa ler ou o livro que está lendo. Faça aquela ligação que está programada. Faça exercícios de respiração. Leia o manual do seu veículo, você vai conhecer detalhes importantes que não tinha notado. Faça tricô. Tome a tabuada de seu filho, ou relembre-a para você mesmo. Faça algo útil. É bom para você, é bom para o país.
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